ATLÂNTIDA

afrodite no meio da lua

guerreira

cavalgando como amazona no meio da floresta

cigana lendo a sorte em algum deserto qualquer

ninfa de shakespear sem as mãos e sem a língua

colhendo os frutos da própria liberdade

de carne e osso

negra incorporando o fogo de um espírito perdido

uma bruxa no lodo

tentando tirar proveito de um momento ruim

magia de um pôr-do-sol

sedução temperada

todos os sons

todas as cores

acordes e oitavas

flutuando no espaço

em uma insônia constante

o feminino incandescente

um curso infinito

um rio

vários meandros

vários momentos

uma necessidade à toa de voltar

cantar um coro crescente com o céu

os sons da noite

que acalantam os sonhos

os desejos ardentes de ser feliz

e voar

mudar o rumo

o eixo determinado

a dose certa de uma maçã

o obstáculo de um pégaso

em velocidade e luz

quebrando a lei física

de uma cadeia invisível

entre o céu e a terra

a delícia de ser o que quer

e apodrecer em paz