Envolta ...
Embriago-me
Numa densa neblina
Que adentra minh'alma.
Névoa que invade,
Me circunda,
Anestesia a carne,
Esvazia a mente,
Me transformando em nada
Pra retornar-me em todo.
Embriago-me,
Cada vez mais embriago-me !
Envolvo-me em torpor.
Banho-me num esplendor de entre-vida,
Numa nebulosidade única,
Etérea,
Enigmática,
Que ofusca meus olhos,
Esvoaça meus limites
Encobrindo-me,
Ultrapassando os sentidos
E que exaurindo minhas forças,
Quase desintegro-me
Para ser só luz
E assim,
Preencher a imensidão do espaço.
E esta nebulosidade estranha
Rasga meu corpo
Expondo minha entranha,
Presenteia-me com
Um portal de luz na fronte,
Um olho a mais pra eu ver.
Ah !... Que ver celestial é este ?
Uma terceira visão a espiar
Traz-me o êxtase !
Sinto-me envolta... por demais envolta...
Entre névoas sombrias
O desconhecido me encanta.
Um oceano de perguntas
Me encobre corpo e alma,
Enegrecido pela distância
Ou pelo tempo,
Espalhando, assim,
Luz pela eternidade,
Fazendo o obscuro
Sucumbir em brumas marinhas,
Manto latejante,
Espuma cintilante,
Pequeninos diamantes
que banham meu coração-oceano de paz !
Do nevoeiro estranho
Que do meu novo olhar posso ver,
Luzes refulgentes explodem
E em seu resplandecer brilham,
Brilham tão intensamente,
Tamanha a sua beleza,
Como o mais belo espetáculo,
Um agrupar de estrelas !