SE ESBARRA MAS NÃO SE ENCONTRA
Às vezes
Por aí
Nessa vida corrida
E apressada
Até mesmo no automático
Como seres empedernidos
Robotizados
Áridos
Frios
Distantes
E sem a gente se dá conta;
A gente não se olha nos olhos
A gente não abre um sorriso
A gente não dá um bom dia
A gente não se toca
Não se abraça
Não se cumprimenta
Mas a gente finge
E a gente faz de conta;
A gente não se fala direito
A gente não se ouve mais
Não sabe ouvir o outro
Não se comunica
Não dá atenção às pessoas
Não é solidário
Não é gentil com o próximo
A gente não se descobre
Não se conhece
Não sabe quem é o nosso vizinho
E com o afeto a gente não conta;
E nesta selva de pedra
Onde é cada um por si
E Deus por todos
Onde o indivíduo é um ser genérico
É só mais um na multidão
E se perde em meio ao coletivo
E perde a sua Identidade
E onde as vezes a falta de empatia
De companheirismo
De gentileza
De Humanidade
Nos faz descrentes
E nos desaponta;
Nesta selva de pedra
Em meio às galerias
Às vitrines
Ao barulho
À poluição
À violência
Por entre os automóveis
Transeuntes apressados
Pelas praças
Pelas ruas
E pelas calçadas
A gente até se esbarra...
Mas já não se encontra !