Irene

Lavei minha fé na queda

E quando duvidei, fui arrastado

Ainda há muito o que conceber

E acreditei com força e me aceitei de peito aberto

Meu coração fora roubado

Enxertado com açúcar e cálcio

E então, o levaram a balança

Confiando em meu confinamento

Desenharam-me uma cicatriz

Oportunamente, me fizeram pecado

No meio de uma quaresma

Já que nunca dancei com a castidade

A tez que corria para o sol a martirizar-se

Hoje ainda esconda-se e reza para o fim de feridas

Sabe, que o tempo a permite sonhar com vitórias

Há de tudo findar-se, minha querida, em algum momento

Estou aguardando a amargura

Estou aguardando a tua condenação

Estou aguardando pela virtude do fogo

Estou aguardando pela violência contra meu corpo

Amplifica vozes em teus calcanhares

Assoprando para dentro de teus poros

Lascas de um fracasso construído com madeira

Verbalizado instrumento de caça

A criança de elefantes brancos era se não

Os escombros de uma estante de madeira

Empoeirada pelo tempo e comida por cupins

Esquecido em um quarto húmido e abandonado

Destituído do que me figura, o eu em ti

Absorve as comunhões de ossos e penas

Compõe nova criatura, estremecida pela terra

Evoca por pés que dancem nele com raiva

Pierrot Ruivo
Enviado por Pierrot Ruivo em 30/04/2022
Código do texto: T7506446
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