Viajante astral
No auge do desespero da morte
Eis a solitária dama sombria a rir
Onde muitos temem a fatal hora
Dessa inevitável certeza da vida
Saiba que ela não cansa de esperar
Angustiado, tu frágil homem sofre!
Cansado de viver uma vida sofrida
Tu esperas cansado ao frio da noite
E tu sabes que cada segundo é único
Deste o nascer tu já estais a morrer!
E sente a dor existencial desse tempo
Tu lutas, foges e esqueces desse fato.
E assim a vida passa como um sonho
Nos terremotos emocionais do viver
Tu não tens para onde ir, preso em ti.
Sente-se preso ao corpo escravo de si
E até a tua liberdade já não é a mesma
Torna-se reflexivo e o pesar vem a ser
Parte de ti e de tua mente num divagar
Tu não sabes pra onde ir ou iniciar algo
E vives em tardes vazias de melancolia
Pois o espírito almeja ser livre do corpo
Esvaziando essa vil carcaça ambulante!
E não volta mais ao seu estado anterior
E ao sair do corpo, livra-se o tal espírito.
E tu sentes que mais nada o prende aqui
E que sua existência já é em outro plano
E a temida morte já é um alívio e dádiva.
TEXTO DO LIVRO:
ABSTRAÇÃO POÉTICA. 2017.