Arcanos III

A ignorância me basta

Esta noite, eu sou o filho da incógnita

Este mundo era o próprio apego

Derretido à superfície de doutrinas

O revanchismo do tempo

A vingança dos homens

O coração repartido

Entre sinuosos cinismos

Se tranca os túneis da passagem

Se incendeia pontes de madeira

Se declara um amor condicionado

A prestação íntima de um simulacro

Deságua tuas doses cavalares de vinagre

A saliva da tua revolta, a privação da quaresma

O corpo aberto a todas as intenções do maldizer

Se esvaí perpetuando o sal de sorrisos arrogantes

És tu o caos perene dos sufixos

Contraditório a si mesmo

Debruça ironias semânticas

Ao estado cético da impermanência

Por fim, os ombros que se desmancham

E se recriam novamente à bênção de anjos

Urge a potência da previsão e do conflito

Disseminando amores e revezes na mesma moeda

Conjuga o desastre, conjura a alfabetização

Encubro o coro embargado nos ossos

Afinando céus em funis de plástico

Afinando narizes em reflexos midiáticos

Afagam as serpentes com vil desdém

Nós restam os cegos nos castelos

Teimando a traição de escombros

Dentro do estômago de uma entidade tão gerúndio...