OS SONS DE BUDHA

O som e o ser se confundem

um pouco além dos primórdios da criação.

Na memória não resta muito acerca

do silêncio,

a não ser também sons . . .

ecos confusos do Pretempo ...

O poeta é a criatura que emerge do ruído

rompendo as paredes do Ovo

e eclodindo no gesto, através do estalo.

Na Consciência o que soa são os versos,

contra a vontade de todos,

mas empanturrando a barriga divina,

para depois escapar tal qual gritos,

criando universos e modificando os limites.

O movimento do Tempo é o símbolo do berro,

imerso em nós,

quando o barulho é humano acima de tudo,

atrito primordial de Budha

contra o sólo áspero do caos,

apelo infinito de infinitos mundos

sendo paridos, sinfonicamente

acórde após acórde,

tal qual correntes podres sendo arrastadas

pelas claves da espiral delirante do demiurgo . . .

ecos confusos do Pretempo ... ecos confusos do Pretempo ...

sutil delihatessen da escala imaterial ...

Milhões e milhões de watts irradiam de minhas veias,

e emanam arrepios elétricos ...

imagens confusas dentro do hiperespaço.