O DESEJO DE VOLTAR
Sem os pés atraídos pelo chão eu rastejo
Sem chão em outro lugar é que me vejo
A vida está aqui, mas é floresta sem cor
Posso fingir o riso e ser forasteiro da dor?
No primeiro fôlego já me revesti ser estrangeiro
Os pássaros que aqui cantam não me fazem ser inteiro
Eu tropeço em pedra miúda e a meu Deus eu clamo ajuda
Eu me engano e não me encaminho a essa vida:
é que dói e não desperta o meu sarar essa ferida.
Se a batalha que aqui dentro do peito travo
é calor que não conforta, mas só queima
Invoca a fogueira do que sou em outro pulsar
Se chance há de me ter é o desejo: o de voltar.