Eu caminho amando a vida,

e sou grato.

Os meus pés descalços estão marcados

pelas pedras que encontrei nos caminhos:

tropecei,

desviei,

caí,

sangrei na ponta do dedo,

levantei.

As marcas deixaram meus pés,

mas ficaram nas minhas raízes,

no meu jeito de pisar:

Cuidar!

 

Aprendo a amar a aquarela,

mas também amo o caminho desmatado.

Não vejo apenas o mar de rosas.

Vejo o mato seco.

Vejo a falta de chuva.

Vejo o excesso de lágrima.

Vejo o vazio no estômago.

Vejo a secura na alma.

Mas também vejo as gotas

caírem do céu

 

sobre o rosto sem vida.

Vejo o riso que brota.

Vejo o abraço da mãe natureza.

Vejo a guarida.

 

Eu caminho conversando

com o Criador do mundo.

Eu amo o Criador do mundo!

porque este Amor me torna imperfeito.

Eu amo as imperfeições!

Amo o caminho vasto e

o caminho estreito.

Eu amo o que me mantém incerto!

porque a busca é feita

das interrogações.

Eu amo os lugares nebulosos.

Eu amo o desafio de me perder.

Eu amo me reencontrar!

Porque conversar com Deus talvez seja

tropeçar na arte dos reencontros.

Kélisson Gondim
Enviado por Kélisson Gondim em 05/01/2022
Código do texto: T7422336
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