Eu caminho amando a vida,
e sou grato.
Os meus pés descalços estão marcados
pelas pedras que encontrei nos caminhos:
tropecei,
desviei,
caí,
sangrei na ponta do dedo,
levantei.
As marcas deixaram meus pés,
mas ficaram nas minhas raízes,
no meu jeito de pisar:
Cuidar!
Aprendo a amar a aquarela,
mas também amo o caminho desmatado.
Não vejo apenas o mar de rosas.
Vejo o mato seco.
Vejo a falta de chuva.
Vejo o excesso de lágrima.
Vejo o vazio no estômago.
Vejo a secura na alma.
Mas também vejo as gotas
caírem do céu
sobre o rosto sem vida.
Vejo o riso que brota.
Vejo o abraço da mãe natureza.
Vejo a guarida.
Eu caminho conversando
com o Criador do mundo.
Eu amo o Criador do mundo!
porque este Amor me torna imperfeito.
Eu amo as imperfeições!
Amo o caminho vasto e
o caminho estreito.
Eu amo o que me mantém incerto!
porque a busca é feita
das interrogações.
Eu amo os lugares nebulosos.
Eu amo o desafio de me perder.
Eu amo me reencontrar!
Porque conversar com Deus talvez seja
tropeçar na arte dos reencontros.