LAMENTOS II

Ah! Senhor! Se pudéssemos

Ver os tesouros escondidos;

Mas estamos desatentos,

Incircuncisos de ouvidos.

Tua graça tem abundado,

E nós não reconhecemos.

Nós que nem filhos éramos,

Tua graça recebemos.

Ensina-nos a contarmos

Nossos dias de tal maneira

Que alcancemos corações sábios;

Setenta, talvez, ou oitenta com canseira.

Mas o que é isso para Ti?

Se a própria terra

No universo é como se

Deixasse de existir?

Ainda o sol do nosso sistema,

Que vemos sem tanta grandeza,

Supera-a aos mil; e de uma estrela

Como poderíamos vê-la?

E nessa terra habita a criatura,

Obra das tuas mãos,

Gastando seu tempo a buscar

Felicidade em coisas vãs.

Gasta esse tempo buscando

A felicidade perdida,

Em prazeres que lhe causam

A partida pra não voltar.

Não Te serve e ainda estorva

A obra que realizas;

Dificulta a salvação das almas

Que desejas resgatar.

Faze-nos sábios,

Opera em nós;

Dá-nos o querer,

Ouve-nos.

Vivemos desatentos!

Se somos teus filhos,

Torna-nos crente,

Faze-nos entendidos.

Tua graça está derramada;

Ajuda-nos a levarmos a luz;

Fortalece nossas almas,

Toma conosco a nossa cruz.