𝖰𝗎𝗂𝗅𝗈𝗆𝖻𝗈 𝖽𝗈𝗌 𝖯𝖺𝗅𝗆𝖺𝗋𝖾𝗌
O trabalhador acorda cedo
No dia de folgar
A alforria ele quer
Como um índio a ecoar
Okê Okê Arô!
O grito de sofrimento
Da senzala ao relento
Princesa Isabel não assinou
O decreto assim ficou
Um soluçar e a dor
Do escravo que embarcou
Cais do Valongo!
A Cidade não foi maravilhosa
Mas teve a sua história
Abarrotados em navios
Sem piedade e nem glórias
Por aqui fizeram amigos
Conheceram o caminho
Das matas deste Atlântico
Oxóssi foi guiando
O escravo, relutando
Rezando!
Junto com o índio, cantando
Louvores e lamentos
O açoite do chicote
Não foi um livramento
Ficaram no cativeiro
E não tiveram o respeito
Senhor de engenho
Cuspindo como um prato cheio
Inconfidência!
Não valeu nenhum centavo
Só valeu a dor do escravo
Que soube se refugiar
No Quilombo dos Palmares
Do Rio à Pernambuco
Haviam vários lutos
Soldado veste preto
Pra ir neste enterro
Mais um para o valão
Como é que fica a situação?
Palmares, Rei dos Reis
Na cultura africana ele foi
Deixou suas marcas de sangue
E não era nenhum monge
Mas era respeitado
O Quilombo dos Palmares
Também tem aqui do lado
No Rio de Janeiro
Piedade é o bairro
Da Zona Norte à Zona Oeste
Eu vou falando pra vocês
Como é que fica a negra
Vendendo doce no xadrez?
Quase nua pelas ruas
E sem nenhum freguês?
Quilombo dos Palmares!
Efeito do açoite
E da falta de vontade
Do Senhor de Engenho
Que viveu na malandragem
Hoje o malandro é o negro
Senhor Zé, salve esse povo
Salve a Malandragem!
Para o negro não ser bobo
Baixam no Terreiro
Tiram o descarrego
Sentam no banquinho
Curvados que nem no cativeiro
Adorei as Almas do Senhor
Cura cicatriz com imenso amor.
Karol Pisaro - Quarta-Feira - 15/09/2021 às 11h43min.