MANTELAR
Toda minha vida me colori de
te constrói, te cria, te inventa,
até que a boca se areou
e os olhos deixaram de tempestar.
Respirei todos os meus medos,
esses que me fantasmam os
dedos quando me martelo
e (martelo) meus erros.
Me pintei de ergue essa casa,
aí inventei de me refazer
com os destroços inteiros
dos materiais que me faltam.
Me martelei, me guindei
parafusei meu coração no lugar,
um pouco mais pra direita
pra não me desequilibrar.
Acabei errando o furo:
perfurei fundo no meu peito
e nem pra sangrar sangrei o gesso
rebocado do passado e do futuro.
Só me atravessei de
lá até cá, e me olhei
e que dor! poderia ter berrado
mas as farpas iam (tres)passar.
E meu martelar não podia se emudecer,
já que seria só me errando de novo
que com as lascas em janelas
eu construiria o meu novo lar.