Medos
Certa tarde, ao acompanhar meu filho ao funeral de um senhor idoso, e enquanto ele dedicava algumas palavras à família num culto ecumênico, senti um desejo em conhecer o recinto sacro doutras capelas, situadas no interior da necrópole.
Foi quando por um momento, e ali meditando no porvir, na vida, na morte e além, perdi a solenidade e o cortejo...
Naquela tarde na necrópole
Sozinho, sem mais ninguém,
A procura das pessoas
Num desencontro total...
Perdi a solenidade e o cortejo!
Perdi-me nas quadras e lápides
Somente o silêncio permeia,
As flores e sepulcros também!
Caminho a esmo...
Perco-me, no trajeto.
Onde estavam todos?
Senti certo medo!
−Bobagem, eu sei!
Medo de quem já se foi?
Medo faz é dos viventes!
Senti um soturno silêncio...
Os espíritos que se foram,
Sei o que diz o Santo Livro!
Mas senti um calafrio,
Post Mortem talvez...
Voltei de onde parti
Gelado, tremulo tácito...
Recompus-me ao ver alguém,
Voltei de novo em mim...
Algumas canções ouvira...
Decerto melodias breves.
Doutros tempos passados, creio,
Tornando-se hinos celestes...