Coração miscegenado enigmático
Coração miscigenado enigmático.
Quem decifra.
Viagem do Oiapoque ao Chuí.
Jogo do bicho rifa.
O que encontra lá e aqui.
Brasil junto e misturado.
Judeu, Amorreu, Cananeu, Filisteu.
Amonita, Jesuíta, Sumérios, Mongóis.
Reis e escravos africanos.
Indios, Europeus, quem foi.
Quem causa tantos danos.
O frenesi do pecado, rebeldia humana.
Romanos, cartagineses.
Forte isso, uma bagagem pesada.
Minha Terra, meu Brasil.
Que tem suportado uma herança febril.
Povos, raízes, Noé, três filhos, tripé.
Ho meu cumpade, tenha pena e tenha dó.
Falhos sim, até na família Abraâmica, vejam Ló.
Com muito gosto, raízes como carvalho resiste.
A história patriarcal.
A origem, Adão e Eva e a serpente do mau.
Um anjo orgulhoso.
Um povo teimoso.
Uma ignorância que persiste.
A teima pela ira do tempo.
É que eu, nordestino e Brasileiro.
De um pai e mãe sofrido.
Que recebe a truculência da civilização de um ódio temido.
Gemido.
Ora, não, não é lamento.
Detonando, acabando e estuprando a natureza.
Massacra até um jumento.
Por falar no tal.
Doce lembranças, minha avó, tinha um no curral.
Porque digo e porque lembro.
Porque é um grande sinal.
Maria a virgem.
A manjedoura e a moral.
É o sangue de Jesus Cristo.
Que justifica e vivifica.
Em quem acredita.
Toda herança maldita.
Que aqui habita.
Jesus é a quebra do mau.
Giovane Silva Santos