AS DUAS ESTRADAS

Ontem, com meu Cristo discuti,

Porque não posso entender

O dilema que dilacera meu ser,

Se o homem é semelhança do Pai,

Por que assassina os irmãos?

E esperei, ignorante, ouvir,

A voz paterna esclarecedora,

Descendo do alto como brisa:

“- Filha, como és amadora!

Questionar teu Pai não precisas,

Porque dei a todos o livre arbítrio

Da escolha de uma estrada,

Seja ela boa ou má, lá Eu estarei,

Sempre ao final da jornada

Com os braços abertos para receber

Os filhos pródigos que tanto amo

Esperando que tenham aprendido a lição

Que deixei escrita nos corações.

Se depois de tantos tombos,

Não se erguerem apoiados na minha mão

Ainda assim ofereço minha voz,

Farol para guiar tantas vidas

Perdidas na turbulência

Desse oceano de guerras sem clemência.

Ao mundo dei meu Filho

Para ratificar o meu desejo,

De que todo o universo gire

Em torno de paz verdadeira.

Filha, Eu estarei hospedado

No coração de quem me quiser,

E o que diz que não Me quer

Se procurar direitinho

Estarei escondidinho,

No cantinho mais profundo,

Bastando ele chamar, PAI!

Que surgirei no mundo.”

15/03/04.