ORVALHO DE AMOR
Ao cair da tarde, chora a Mãe Terra
E os males da humanidade desterra
No ósculo solar do rio-mar,
Mergulho… Corpo lasso a descansar.
Gentil e solitário pescador
Ancora canoa ao sol se pôr
Grandioso farol, cai clara lua
Amanhã, o recomeçar atua.
Sê tu bússola do próximo… Norte
Não sejas tocha contra vento forte
Feliz da ventania a transformar
Bruma passageira em eterno lar…
Vem o socorro n’angústia doída
Tempo de Deus, da existência bendita!
Que Pai deixa, a esmo, amado filho seu?
Sê, sempre, lamparina em qualquer breu.
Vê a lua com pupilas d’alma
Aprende a namorar a lua calma
A lua cheia de cada lugar
Pacifique a ti e seja vital ar.
Nunca tarde a Justiça pela graça
Se Madeira de lei, cupim não abraça.
Oxalá… O mal por si se destrói
Só o bem triunfará como herói.
Chuva a regar canteiros de mil flores
Fertilizar a terra em multicores…
Perfume, terra molhada, encantada
Terra-mãe de amor, a seu filho, agrada
Lavoura: signo de fé. Religar…
Sou rio, sorrio, sou açude e mar
Tempo do que é bom e do ruim
Mas sei que Nosso Senhor é aqui.
Galo matutino… Enxada a encantar
Fogo a lenha, café, barrer o lar
Achegam à lida Chico e Rosita
Moda na viola ornada com chita
Sim, varrer a dor… Tanger a desdita
À disposição da sorte bendita!
Ancestralidade é a resposta
Futuro do presente: eis o que toca!
@engenhodeletras