ZONA MORTA I
“ Tudo começou
quando não podíamos mais
sair lá fora,
sem data nem hora.
Tínhamos que ver o mundo
pela janela.
E a vida foi fugindo
aos poucos.
Como loucos
víamos as noites
cada vez mais longas e
os dias cada vez mais curtos e
escassos.
Agora,
não há mais rastros
do que existia.
Somente
uma enorme sensação
de perda e casa vazia.
Como se estar
numa zona de vácuo
de espaço-tempo.
O silêncio só é quebrado
pelo sopro do vento.
Sinto-o tocando meu rosto.
O gosto de abandono
me invade.
Preciso agir,
mesmo que tarde.
Preciso sentir
o que está acontecendo lá fora.
O silêncio é mortal,
como se todos tivessem
ido embora,
deixando-me para trás.
Tudo faz
sentir-me um sobrevivente.
Como numa cena de filme antigo,
sem brilho,
ausente
de cores e de vida.
Devo ter deixado
pelo caminho
outras partes de mim.
E as partes que descobri,
não se encaixam
no que restou.
Mãos, braços,
pernas e pés
formam laços
com o que sobrou
do mundo real.
Apenas o chão,
por onde ando, ando, ando,
sem noção de quanto...
Minha memória falha,
não me reconheço,
estou perdendo a noção
de quem sou.
Lembro-me dos olhares,
apenas dos olhares.
Havia ausência de vozes.
Nos últimos dias juntos,
apenas pelos nossos olhares
estabelecíamos contato.
Penso,
que talvez de fato,
esteja numa ilha perdida,
para além do fim de mundo.
Isto pode explicar,
porque às vezes sinto cheiro de mar.
Porém,
por mais que o tenha procurado
jamais o encontrei.
Meu teto é um céu sem Lua,
e estrelas, nunca as contei,
pois nunca surgiram por aqui.
As vezes algum clarão
aqui ou ali
acende as nuvens.
Nem frio, nem calor,
pouca chuva,
água e algum alimento na mata.
A natureza esqueceu
desta terra de chão batido,
pedra, às vezes arenoso,
quase sem ar,
mas não posso parar...”
Caso encontre esta mensagem
resgate-me
em qualquer parte deste lugar
basta procurar,
procurar,
procurar.
Saberei esperar,
ao menos tente...
Vivência espiritual, madrugada de 27/01/2021 – 03:00h AM
Operação resgate, em algum lugar distante, na outra margem do rio.
“ Tudo começou
quando não podíamos mais
sair lá fora,
sem data nem hora.
Tínhamos que ver o mundo
pela janela.
E a vida foi fugindo
aos poucos.
Como loucos
víamos as noites
cada vez mais longas e
os dias cada vez mais curtos e
escassos.
Agora,
não há mais rastros
do que existia.
Somente
uma enorme sensação
de perda e casa vazia.
Como se estar
numa zona de vácuo
de espaço-tempo.
O silêncio só é quebrado
pelo sopro do vento.
Sinto-o tocando meu rosto.
O gosto de abandono
me invade.
Preciso agir,
mesmo que tarde.
Preciso sentir
o que está acontecendo lá fora.
O silêncio é mortal,
como se todos tivessem
ido embora,
deixando-me para trás.
Tudo faz
sentir-me um sobrevivente.
Como numa cena de filme antigo,
sem brilho,
ausente
de cores e de vida.
Devo ter deixado
pelo caminho
outras partes de mim.
E as partes que descobri,
não se encaixam
no que restou.
Mãos, braços,
pernas e pés
formam laços
com o que sobrou
do mundo real.
Apenas o chão,
por onde ando, ando, ando,
sem noção de quanto...
Minha memória falha,
não me reconheço,
estou perdendo a noção
de quem sou.
Lembro-me dos olhares,
apenas dos olhares.
Havia ausência de vozes.
Nos últimos dias juntos,
apenas pelos nossos olhares
estabelecíamos contato.
Penso,
que talvez de fato,
esteja numa ilha perdida,
para além do fim de mundo.
Isto pode explicar,
porque às vezes sinto cheiro de mar.
Porém,
por mais que o tenha procurado
jamais o encontrei.
Meu teto é um céu sem Lua,
e estrelas, nunca as contei,
pois nunca surgiram por aqui.
As vezes algum clarão
aqui ou ali
acende as nuvens.
Nem frio, nem calor,
pouca chuva,
água e algum alimento na mata.
A natureza esqueceu
desta terra de chão batido,
pedra, às vezes arenoso,
quase sem ar,
mas não posso parar...”
Caso encontre esta mensagem
resgate-me
em qualquer parte deste lugar
basta procurar,
procurar,
procurar.
Saberei esperar,
ao menos tente...
Vivência espiritual, madrugada de 27/01/2021 – 03:00h AM
Operação resgate, em algum lugar distante, na outra margem do rio.