Oração

E de repente me peguei ouvindo

Da minha boca orações decoradas,

Prestando atenção fariam pouco sentido

Dos meus desejos, descoordenadas

Admitir o quão pequeno me sinto

Quando tento completar este buraco

Orar faz parte de um instinto

Que me ajuda quando estou fraco

Quem me visse diria “És um louco!”

Mas de um Deus sabedor das necessidades

Sempre aprendi que palavras importam pouco

São mantras chamando a divindade

Para esta ligação de longa ou outra distância

É necessário desligar deste mundo material

No etéreo busco encontrar a substância

A percepção é extra-sensorial

E num terço onde perco as contas

Me aproximo do inconsciente

Sei que não terei repostas prontas

Quem sabe um milagre numa tangente

Quem sabe interfira no meu destino

Tocado num ponto qualquer do meu mundo

Me devolva um coração de menino

E transforme amarguras num moribundo

Pois por vezes me sobrevém a incerteza

Estaria desgostoso disto tudo o arquiteto?

Em sua planilha desenhando outra natureza

Descartando este e pensando noutro projeto?

Dúvida quando uma realidade pontiaguda

Vem cutucar, testando minha fé

Nestas horas a oração me ajuda

E consegue me manter de pé

Um pai nunca desiste de um filho

Mesmo que a falta de fé seja um ferrolho

Nada tranca ou é empecilho

E ele sempre virá em socorro

Por isto nestas horas do vacilo

Quando está agitado meu coração

Para me sentir tranquilo

Me utilizo da calmaria da oração.