As águas de Obá

Decidida, entrei no meio da enxurrada...
E embolei-me nas águas da pororoca...
Cansei de ser essa mulher tão recatada.
E quero ver onde o Rio Oba desemboca.

Mãe Obasile já me emprestou o seu Ofá.
O seu escudo e a armadura abençoada...
O vermelho e branco, vestes dessa Orixá,
São minhas cores nessa guerra declarada.

Eu já revirei aqui do meu peito toda a lama.
Que juntou na última enchente que sofreu.
Obá me deu as águas que em mim derrama.
Para lavar os tristes resquícios do meu eu...

Com a sua força vou vencer o mal de Ogum,
Que me lançaram numa noite de lua cheia...
Para a minha roda não convido qualquer um.
E menos ainda os que me mostram cara feia.

Podem servir-se das mandingas do Egugun.
Que Obá e eu somamos uma deusa e meia...
Sob sua benção não sucumbo a mal algum...

Oh! Minha deusa das temidas quedas d'águas.
Em suas correntes esfregue-me com sua areia.
Limpe também meu coração cheio de mágoas.

Adriribeiro/@adri.poesias
Adriribeiro
Enviado por Adriribeiro em 10/12/2020
Reeditado em 27/08/2021
Código do texto: T7132615
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