A TRANSMIGRAÇÃO
Desperta o dia, e com a vida se completa. 
Nem tudo que termina, 
Obscurece as questões mal respondidas.
Nutre-se o engano, a busca não se dá por vencida. 
O que antes era só corpóreo, 
Sabe-se o quanto a alma se desprendia. 
Ah, quando virás, verdade que,
Advém do coração místico? 
Ao se deparar com a névoa, 
Entenderá o olhar liberto, 
No contínuo manuscrito.  
E não me cabe seguir,
Nesta contemporânea presa…
De estar ao seu lado e,
Ao mesmo tempo vendo,
A morte chegar desconexa.
E vou segurando-me nas paredes,
De um quarto sem suas mobílias e, percebo..
Ser ele, parte de um constante vazio,
Quando me imagino a longo prazo,
Estar para sempre tão só consigo.
O que é a essência da realidade,
Aquela a qual não se pode enxergar?
E senti-la é viver observando o mar,
Sem nunca tê-la o tocado, na  loucura de,
Desejar por infinitude amar?
Tudo é incompletude,
No que vem a ser tão superficial,
A tal desesperança habitual,
Transmigrando-se para um ser mortal.
Talvez, é insuficiente ter pensamento…
E nele encontrar o caminho de volta!
Se a musicalidade de certos anjos,
É mostrar aquele que o consola.
Por conseguinte, cabe-se não permitir,
Abrir a todas a existência da revelação,
De acreditar em teu semblante luminoso,
Antes de estares comigo,
 E te apartares por constância.
Reluto ao negar a sublimidade,
De tal véu a encobrir-me,
Deixando abscôndito a natureza,
Dos olhares da poesia inexpressiva. 
Por que, ò musa, não me envolves,
Com desmesurada simetria?

Ricardo Oliveira - 02/12/2020.
Ricardo Oliveira (Poeta e Escritor)
Enviado por Ricardo Oliveira (Poeta e Escritor) em 02/12/2020
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