Passional

Eu vi uma pessoa sorrindo, prisioneira da vida;

sorria para o vento que cicatrizava suas feridas.

seus olhos profundos me olhavam

e me diziam coisas amargas, apesar de seu sorriso:

leve sorriso de criança querendo um doce.

Sentia o aroma forte de seu perfume

que fazia lembrar das manhãs de chuva

na minha infância tão simples e tão solitária,

quando eu passeava de bicicleta pelas ruas distantes

de minha cidade de Cachoeira de Itabuna. Grapiúna.

Os jornais de ontem me falavam do amanhã

em momentos felizes de bolos e sorvetes

nas praças arborizadas na minha cidade querida.

E olhava com suspiros e saudades lindas moças

que faziam sonhar em madrugadas de calor.

Existe dentro de mim um poeta passional e lírico

que traça no papel em sangue ardente e voraz

palavras aguerridas entre o insano e o santo pecador:

eu, um poeta e tu musa de meus versos oníricos,

que clama um sorriso jovial, profano, sonhador.

Eu vi uma lua brilhando, prisioneira da morte;

Brilha diante das cores, dores. Num céu cinzento.

E voa feito asas entrelaçadas aos ventos, aos tempos:

E me dizendo com voz amargurada que não quer mais sorrir:

Não quer mais sonhar. Nem chorar, nem amar: morrer, sumir.

Luciano Cordier Hirs
Enviado por Luciano Cordier Hirs em 21/06/2020
Reeditado em 22/06/2020
Código do texto: T6984325
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