Liturgia

De quê adianta sair

para ver estrelas nítidas

se o céu dentro

de nós, incontinente,

mudou?

Na liturgia dos fardos,

pastosos das horas,

prefiro os altares,

aparatos

decorados para sisudos recomeços.

Mecanismos internos de mudanças

são inúteis bravatas de religar (religare)

e resistentes de formalidades

de bronze?

No mundo, uma mola rompeu,

um maléfico escrutínio,

uma epidemia sincera,

uma tessitura de estrutura (totem) reafirmada

assola o cenáculo posto, farto e,

encobertos,

os mortos povoam,

enfeitam e satisfazem o adro principal.

Oremos:

mesmo que por meros condicionamentos

de autômatos e hóstias,

mesmo que por ansiosas esperanças e boa-fé.

Oremos:

estrelas são tremulantes e opacas no céu de fora.