Kapuzinerturm
Manhã de retiro no campanário,
"Kapuzinerturm", Belém-city.
Não obstante o ruído dos veículos
O dia é belo: nuvens, luz e azul celeste.
O vento perpassa as janelas desde o Leste,
Nesse recanto lugubre de sinos sagrados,
Onde me encanta o mistério absoluto,
Onde encontro a mim e me toca o amor
Amor da amada, memória viva, cultura.
Aqui na meditação, leitura e boa música,
Chopin ou Morzat pelo smartphone....
Nesses tempos-cinzas de pandemia
Mas, também tempo de 'sacerdocium':
A oração cristã que entrega a Deus
Todo o sofrimento humano do mundo,
Das mortes diarias que acordam os povos...
Acordam para a autenticidade da existência
Na meditação sobre o sentido da vida,
Do que realmente importa. Diria Exupéry:
"O invisível aos olhos, o essencial, ... o Amor"
"O Amor que move o mundo", Dante diria.
Amor que dá justeza, proporcão e beleza.
Para Dostoiévski: "a beleza salvará o mundo"
E, Heidegger: "só um Deus nos poderá salvar!"
Salvar. Salvar é desatar, é libertar, é justificar...
Justiça, silêncio e mistério encarnados:
Irrupção do divino na consciência do cosmos,
Assunção do criado ao seio do Eterno....
O Eterno inrrompendo em nossa contingência
E as badaladas do relógio seguindo no tempo,
Compassando a finitude da nossa existência
Para que se mature e se abra para a luz incriada.
Belém-PA, 20 de abril de 2020