ANDANÇAS REFLEXIVAS
ANDANÇAS REFLEXIVAS
Andas, mas não apresses os passos,
diante da vereda
que não conheces. Andas com calma.
Tornem leves teus passos. Ouves
o sussurro do teu coração.
As flores te perfumam, enquanto
admiras as árvores ainda sonolentas
que acabam de despertar.
Andas agora vagaroso.
Teus passos sutis não reclamam
pressa. Andas envolto
em tua mudez pela estrada deserta,
mas não temas, em algum lugar
mais adiante,
o que o destino lhe reservas.
Há em ti a luz que te ilumina,
refletindo em teu
suor cristalino, a serenidade
de tua alma andarilha.
Sai o teu amor, pela porta
aberta de teu coração, oferecendo
a bondade de teus sentimentos,
em meio ao viço fluídico
que semeias em teu próximo.
Arremessas pra longe
tua tristeza inoportuna,
enquanto tua alegria te acompanhas
bem perto de ti.
Abres a fonte de teus desejos
mais íntimos, e espalha-os no bom ânimo
de tuas andanças reflexivas.
Andas como um andarilho triunfante.
Ouves a voz de teu mentor,
dizendo-lhe
que não caias no abismo próximo
que te espera.
Tens pela frente, a prova penosa
na atual encarnação.
Teu mentor te intuis,
para que não te afastes
da rota que segues,
e se aproximes do precipício iminente.
Olhas ao abismo te chamando,
e segues adiante,
na senda sem nenhum transeunte;
sentindo a batida alegre
de teu coração,
por ter vencido a prova
(que te aguardava ansiosa,
por ver-te sucumbir
no fundo de tua consciência),
que não lhe é mais abismal.
Após algum tempo andando,
resolves descansar debaixo da árvore
por alguns instantes,
próxima da beira da estrada.
Com o corpo exausto,
logo mergulhas num sono profundo.
Tua alma então, desdobra-se,
e encontra-se com teu mentor,
ali do teu lado, que não te abandonas;
e te convidas para voos espirituais
que te confortem a alma aliviada,
depois de superar uma prova tão difícil
no presente estágio
de tua encarnação.
Adilson Fontoura