PREDIÇOES
PREDIÇÕES
Há um silêncio na praia
cheia de gente, onde se ouve somente
o ruído das ondas quebrando-se
em suas areias, sendo tolerado de forma
exaustiva pelos banhistas, em desalento
existencial, num alheamento
orgânico da realidade que os cerca.
Agem quais estátuas humanas
seminuas, algumas na beira da água,
outras deitadas, outras sentadas,
mas sem se importarem com o calor
do sol de verão, em seus corpos
bronzeados; cada um, em sua imobilidade,
fixa o olhar num mesmo ponto,
sendo envoltos numa estranha hipnose.
Embora o silêncio humano
predomine ao longo da praia, não ocorre
o mesmo no plano espiritual.
De repente, a mudez dos banhistas
se transforma em vozes sutis de suas
almas encarnadas, desdobradas
e reunidas na praia, numa alegria atônita,
num clamor inabitual, numa crença
inusitada diante do que viam.
Por alguns instantes o tempo muda.
O sol se esconde. As nuvens escurecem.
O mar se acalma. As ondas se desfazem.
Os banhistas continuam imóveis,
mas as suas almas não. Ao longe, na linha
imaginária marítima, uma intensa luz
aparece e se espalha, tomando todo o céu
espiritual. Um portal se abre. Dele
emergem uma plêiade de seres luminosos.
Da praia, as almas os contemplam
perplexas. A mensagem Angélica chega
no pensamento de cada uma delas:
"Meus queridos irmãos somos da Luz
Crística. A Luz Pura provinda de Deus.
Emanamos Luz. Semeamos o Amor.
Pedimos-lhes que transformem-se,
reformem-se, regenerem-se. Amem-se
uns aos outros. Unam-se em prol
do Bem Comum. A Dor instantânea
se reflete no Alívio perene. A Violência
torturante de hoje, se converterá
na Paz consoladora do amanhã.
Minhas amadas almas irmãs: A Luz
de Pureza Divina que alcançamos,
será também, no porvir, alcançada
por vós. Basta que usem o bom senso
em vossas consciências, facultando
que a Fonte Crística ilumine vossas luzes
interiores. Instruam-se nos ensinos
sublimes. Amem-se uns aos outros,
para que o Bem Moral seja perene
em vossas almas eternas."
Após as excelsas predições, os Seres
de Luzes se recolheram e o portal
se fechou. O sol voltou a brilhar. As nuvens
brancas a distinguir-se no céu azul.
O mar retomou a exuberância,
alternando-se nas cores azul e verde.
As ondas novamente quebraram-se
nas areias da praia. Por fim, as almas,
bem radiantes, retornaram esperançosas
aos seus corpos físicos, agora
experimentando um vigor incomum.
E o que se constatou em seguida,
ao longo de toda a praia, foram
os banhistas, sem saber porquê,
agindo numa demonstração
de solidariedade afetiva. Nos gestos
recíprocos de beijos e abraços, o Amor
e o Bem tornaram-se mais presentes
e mais sólidos nos corações e consciências
daquelas almas banhistas, certamente
propensas a aceitar, a semear e a preservar
a Luz Crística em seus Espíritos Eternos.
Adilson Fontoura