DIFICIL MAIS CHEGO
Abra o verde soberba árvore
alongando ao vento os braços rijos.
Um minuto na sombra de seu colo sonho
descansando a alma na pedra fria.
Sem tréguas, sol forte sobre as costas
pés descalços, calos e espinhos...
um minuto apenas sob seu verde
serei novo nos próximos caminhos.
Garganta áspera pele em trincas
engolindo os olhos em órbitas fundas,
um minuto apenas em sua sombra
poderei lavar meu rosto sujo.
Bagagem inteira pontiaguda
cutucando a pele em fendas úmidas
a levarei inteira até o prometido
com um só minuto em seu colo dormido.
Muitas léguas, no branco já ralo, marcadas,
a cabeça caminhando o dever transporta :
O seu verde, sua sombra, seus braços
minhas lagrimas, meus sonhos lavando.
Troco de lado o peso nos ombros
e no infinito distante rasgado vislumbro :
ela é mais forte, mais bela, mais verde
são os braços que estão me esperando.