Inocência e respeito ao Orixá
Me lembro de quando pequeno, em frente a minha casa
Tinha um campinho de futebol uma trilha para a escola
e uma figueira
Nessa figueira eu passava todo o dia para a escola
As vezes ciganos montavam barracas
As vezes os bebados dormiam embaixo dela
Meus amigos e eu brincavamos entre as raizes
Mas num dia chegamos lá, haviam santinhos
Estavam um ao lado do outro como numa assembléia
As crianças atiravam pedras e quebravam
Suas cabeças de gesso com alguma mola balançava
Enquanto se quebravam
Eu mesmo não fazia nada, nem impedia
Apenas ficava com medo de não saber o que fazer
Aquela imagem ficava na minha cabeça
E assim me questionava:
Porque fazer isso, não estão fazendo nenhum mal
Um tempo depois a noite, levava um dessas crianças
Já não tão pequena quanto nessa época, mas já grande
Voltando, havia um muro de pedras de arenito
Encima desse muro um vulto branco luminoso
Como se estiverá olhando para mim
Por muito tempo me questionei se deveria não ter corrido
Chegado perto para saber o que era
Mas assim me lembro da vez que estive ali e quebravam
Os santinhos que não faziam nada
Talvez hoje me sinta um pouco culpado
Mas hoje me sinto de tal forma protegido
Ter tido noção de como é importante proteger
Não só a memória mas aquilo que se é sagrado
Para alguns não é nada demais
Mas para outros é algo que se destina a vida
Se aquele corpo luminoso reaparecer
Quem sabe perto dele eu chego
Não sei se pode ter algum conselho
Mas espero que coisa ruim não seja
Mas que no mais se trate apenas de respeito.