Esperança
Está acabando mais um ciclo,
Um novo tempo é anunciado, o pano está se fechando,
É mais um ano terminando,
E nele assistimos a tudo,
O amor parece não ter espaço,
Perdoar é um embaraço,
A fraternidade em descompasso,
O egoísmo grassando,
A fome e a miséria só aumentando,
Estamos surdos, a natureza está gritando,
É uma tempestade aqui, é um vulcão ali,
Ao longe um terremoto, e com isso eu não me importo,
Parece não ser comigo, sinto-me inatingível,
A dor não é minha, então me refugio,
Penso estar abrigado, mas,
Ao meu lado o vizinho chora, e seus filhos também,
Há dias não se alimentam,
Mas agora eu não posso, tenho boas festas,
Aos meus amigos darei o meu melhor abraço,
Quem sabe amanhã...
...Após o meu desjejum recheado de sabores,
Ou após o réveillon quando o brilho dos fogos apagarem,
Quem sabe os meus olhos enxerguem a sarjeta...
...E nela o meu irmão em dores,
Estendendo a mão em busca de uma moeda,
Para comprar um pão e amenizar a fome que o consome
Quem sabe após o réveillon eu empreste os meus braços...
...Para amparar um velhinho, ou então, em meu pai eu dê um abraço...
...Quem sabe após o brilho das festas...
...Eu também sorria para um inimigo em sinal de perdão...
...Quem sabe após tanto glamour...
...Eu abra o meu coração e diga um “eu te amo”...,
Para quem está sempre ao meu lado...,
...Apoiando-me, me amparando, protegendo-me...,
...Quem sabe...,
...este final de ano faça renascer em mim...,
...a esperança, a confiança, a união...,
...a leveza e a certeza...,
...somos todos irmãos...,
...somos filhos de deus...,
...somos luz...,
...e precisamos viver em comunhão...
... Porque fora da caridade não há salvação...