A MINHA ALMA E AS ALMAS DAS ARVORES
A MINHA ALMA E AS ALMAS DAS ÁRVORES
Vejo
como as almas das árvores sorriem,
quando germinam
a qualquer hora
do dia ou da noite,
o florir de teus sentimentos vegetais.
Durmo
nas entranhas dessas árvores
sorridentes,
para sentir a beleza
de teus cantos silenciosos.
E, quando
abro os olhos perispirituais,
me delicio
com as árias angélicas,
cantadas
pelas almas
dessas árvores celestes.
Assim,
não há segredo
entre a minha alma
e as almas das árvores;
porque ambas
pertencem a natureza.
Ambas
se espiritualizam pela doação
espontânea de Deus;
que concede às nossas almas,
almas humanas e vegetais,
a leveza
de voarmos por entre
as entranhas do vento espiritual.
Que,
tão cúmplice de nossas afinidades
sentimentais,
deixa que os teus vazios ventosos,
sejam preenchidos
por nossos sonhos emotivos.
Que se derramam
como céu de neve,
cobrindo leve e suavemente,
as veredas
espirituais por onde pisamos.
Antes
de dormirmos
e após
acordarmos,
temos a vaga lembrança
do que motivou os nossos sonhos.
Os corpos
humanos e os corpos vegetais
repousam,
acamados
em ninhos que lhes amaciam
teus sonos profundos.
Enquanto dormem,
tuas almas
(humanas e vegetais)
se desdobram
em andanças espirituais;
Ambas
se harmonizam com os eflúvios
oriundos dos seres
de luzes celestiais.
E, enquanto
os nossos corpos físicos
não despertam,
voamos juntas
(a minha alma e as almas das árvores),
por sobre
tuas frondes espirituais.
E não há segredo
entre nós:
senão,
no cochicho de nossos sorrisos;
quando vemos,
ainda desdobradas,
o sono profundo
de nossos corpos carnais e vegetais.
Escritor Adilson Fontoura