NA ROTA DA MORTE
NA ROTA DA MORTE
Na rota da morte
a vida carnal não cessa,
sem que a alma
se desligue da vida perecível;
pois a alma
não fica na morte,
e logo se apressa
para viver
na vida eterna possível.
Na rota da morte,
a alma não vive
a morte,
vive a vida sempre liberta;
apesar de presa
no corpo sem vínculo
eterno,
pois se reveste
de outro corpo,
o perispírito,
que lhe é inseparável.
Na rota da morte,
a alma não espreita a morte;
mas a teme,
quando lhe compreende
apenas
pela visão carnal;
mesmo assim,
ocupa-se em viver
a própria vida imperecível,
alojada noutra vida que,
quando a morte lhe alcança,
a alma pensa
que também morreu,
só que, logo após,
se surpreende com a ilusão
da morte na razão
sobrevivente,
pois ela vê e sente
transportar-se
pelo perispírito,
para a vida espírita eterna.
Na rota da morte,
a alma ignara
se apega ao corpo
que já morreu;
sabendo que continua viva,
confunde o perispírito
com o corpo
físico morto;
leva algum tempo,
todavia,
para que, enfim, esclareça-se,
e se reconheça
como ser espiritual imortal.
Escritor Adilson Fontoura