A PEDRA DO HOMEM INVISIVEL
GRAVATAÍ, DEZEMBRO DE 1986.
A PEDRA DO HOMEM INVISÍVEL
Estar sozinho é uma arte,
Que nem todos conseguem praticar.
Na arte de estar sozinho,
Descobri que a vida é o começo,
A passagem abstrata,
Para um plano maior,
Onde o indivisível é possível,
E o invisível é palpável.
A solidão é a arte de ficar só;
A pedra filosofal que eu nunca vi.
Na concreta melancolia,
Que reina nesta solidão,
Ergui uma parede de concreto,
Para afastar e separar,
A escuridão da luz.
No universo tudo é possível,
Até o impossível de viver eternamente.
Na união do invisível com o visível,
Eu vejo uma bela imagem,
Brilhando com calma em meu pensamento;
Talvez seja o prenuncio que a calmaria,
Será um prelúdio afável para as almas,
Neste universo maior.
*JORGE LUIS BORGES