GENTIL SENHOR

REEDIÇÃO (PRIMEIRO TEXTO PUBLICADO NO RL)

Quem fostes tu, Gentil Senhor,

em outra era?

Inverno ou primavera?

Algoz? Ou foi perdão?

Creio eu, gentil senhor,

Fostes mesmo um algoz,

Fizestes as Leis com tua voz,

maltratastes a tantos que o serviam,

Pobres, humildes; Não mereciam;

Pagastes o amor com teus maltratos,

Não deixastes do amor nem um só rastro,

Não conhecestes o amor, de fato,

Fostes rude , perverso em teus atos,

Levastes a dor a tantos filhos de Deus,

Não perdoastes, sequer, os filhos teus,

Mero sandeu, triste tirano,

Não notastes, mas tua vida foi um engano.

e então, Gentil Senhor,

que o orgulho e a tirania

como tudo acabaram-se um dia,

e à que serve teu orgulho

em outra esfera?

Se apenas as mazelas

te fizeram entender a própria insânia

revistes das sombras tua infâmia;

chorastes, quisestes voltar atrás...!

É Gentil Senhor... tarde demais!

sofrestes eu sei, dores cruéis

De tua riqueza insana,

imensa e desumana,

não levastes dedos, nem aneis.

Bem vindo, Gentil Senhor ao lar!

Voltastes eu sei, já consagrado,

pobre, humilde, humilhado;

de teu, restam apenas as mazelas;

Serves hoje à um daqueles

que o servia (doce ironia)

e a quem tanto maltratastes,

é... Gentil Senhor!

As vidas são de contrastes,

tens hoje por direito a sonhos,

pequenas aquarelas...

São por tanto coisas belas,

já andas em bom caminhos

por este lado, certamente!

Fostes perdoado.

Por tanto Gentil Senhor

siga em paz tua querela,

por que em fim... és primavera

F Santos