DELÍRIO DE UM POETA
Desnuda- se a alma de um poeta, coberta com a neve fria, que provoca até nos pássaros a vontade de voar... Os ninhos que em minha janela os rouxinóis teceram para seus filhotes abrigar!
Um coração em desalinho,
Tentando ser tecelã,
E, construir como os pássaros, um outro ninho, para depois revoar...
Que não existem as lembranças em cada canto da sala,
Da luz profunda e serena do teu encantador olhar!
O suor encharca meu corpo....
A febre me faz delirar,
Minhas mãos tocam o vento,
Tentando em vão te alcançar!
Em minha garganta borbulha o sangue quente e venoso...
Em minha boca a bailar.
Não poderei esquivar-me, preciso urgentemente vomitar,
Oh Deus! Não deixais que nesta noite, falte dos meus pulmões, o ar...
Infeliz daquele que não pode respirar.
Corpo açoitado de dor...
E minha vida sempre a galopar.
Ao encontro gélido com a morte,
Em um túmulo, um inerte corpo,
E o espírito livre a voar tão alto,
Que nem meus amigos rouxinóis e sábias,
Poderão me alcançar.
De ti só levarei lembranças, através do meu pensar...
Não choreis sobre os escombros,
Que não há de me encontrar,
Talvez, entre as estrelas, a lua ou um quasar,
A força do meu amor,
Do céu vai sempre te iluminar.
Psicografia de Castro Alves
Pela média Tereza Guedes