Não se mata a dor sem tormento.
Em um dia ruim rasguei-me o coração!
Aquele instrumento perfurocortante,
Foi a passagem para abandonar os irmãos,
Logo o verdadeiro desespero pude provar.
Eu não havia conseguido matar a dor!
Ela estava cada vez mais forte a pulsar.
Não conseguia um centímetro me mover,
Mas senti todos os cortes daquele bisturi.
Até que o pesadelo da autópsia pode parar.
Quando achei que o sofrimento chegara ao fim.
Olhei ao redor e vir que por mim choravam,
Todos os soluços na minha pele podiam vibrar.
A respiração era ofegante e as dores doíam!
E inutilmente sem forças tentava me levantar.
Eu percebi então que já findava à tarde...
Por toda a cidade um comboio passou a me levar.
No início da noite triste e sob um forte vento,
Notei que às velas lentamente se apagavam,
E a tampa de madeira não me deixou enxergar!
O silêncio me acompanhou por vários dias...
Logo a dor veio como um grito frio e horrível,
E os vermes passaram a minha carne destroçar.
Sentia- os pelo meu corpo lentamente se mover!
E pedaços da minha pele retirar e mastigar.
Depois de semanas somente ossos podia ver.
E sem lágrimas todos os dia passei a chorar!
Como se não bastasse a dor do arrependimento,
O peso de mil dores passou a meus ossos quebrar.
Eu esquelético, mas com consciência apurada!
Vir que as dores nos ossos eram minhas chagas!
E a escuridão todos os dias tentava me sufocar,
Percebi que estava vivo e preso naquele fosso.
Por décadas aquela morada funda e esquisita,
Fez-me viver o pior de todos os sofrimentos,
Com a minha alma presa em um corpo suicida...
Sentindo os tormentos que a morte pode causar.
Mas o amor é a verdadeira luz consoladora,
Após anos a espiritualidade pode me resgatar
Hoje busco não cometer erros de outras vidas
Como um suicida recuperado posso me comunicar.
A dor de um suicida dói nos dois mundos...
Sendo esmagadoramente maior que a saudade.
Pois esse ato de desespero ecoa na eternidade!
E em nenhuma hipótese faz a dor passar.
Irmãos se suplícios na terra estão a sofrer,
E ao pensares que isso nunca irá passar,
Não se renda aos pensamentos enganadores!
De que com a morte das dores tu pode se livrar.
Criticai e vigiai todos os seus pensamentos,
Peça ao Pai sabedoria para as dificuldades enfrentar.
Por mais longa e sofrida que seja à noite...
Um novo dia sempre irá os pensamentos clarear.
João Calado
Por Elisérgio Nunes