INSPIRAÇAO INESPERADA
INSPIRAÇÃO INESPERADA
Retiro poesia de qualquer coisa,
que me desperte atenção nutrida de algum
sentimento que exale em dado instante,
o aroma de flor mesclado a seiva
que lhe sustenta o íntimo vegetal.
Não há poesia, sem que o olhar
do pensamento, não contemple a imagem
que lhe mova a inspiração, capaz
de criar o instante mágico da arte poética,
pintando a linguagem
que lhe chega espontânea
pelo fazer artesanal dos versos,
que, antes ocultos, se revelam viçosos,
como capim agreste na manhã campesina,
delineando o poema que espera,
habitualmente, a ser construído.
Ando pela senda da inspiração poética
inesperada, que pode surpreender-me
com a visão do foco de luz de sol,
que soltou-se do ocaso no final da tarde,
para alojar-se no interior
da grota funda, onde flui a fonte cristalina,
cujo espelho d'água
reflete os resquícios do crepúsculo vespertino.
Não há poesia, sem que se possa ver
pelo olhar carnal, o que se vê antes,
pelo olhar espiritual da alma, que saúda
os que passam nas andanças astrais,
voando por entre nuvens repletas de plêiades
de espíritos libertos dos corpos
perecíveis, mas que ainda conservam
os instintos animalescos, nos perispíritos
de suas almas ainda envoltas
às imperfeições carnais.
Jamais morre a poesia na alma que jamais
morre! Desde que o morrer das coisas
se renovam em outro viver. Da alma
que não morre, porque recomeça outro viver.
Da vida carnal que morre. Da vida espiritual
que renasce para além da inércia tumular.
Da poesia que é retirada do que morre,
do que revive e se renova no contínuo
mover e existir de tudo que Deus Cria, Recria,
no Cosmo Infinito, a Causa que Preside
a Sapiência Divina que se opera na Matéria,
no Espírito, no Incessante Efeito de Deus
nos Elementos Básicos
que compõem o Universo Sideral.
Escritor Adilson Fontoura