HOSPEDE TEMPORARIO
HÓSPEDE TEMPORÁRIO
Saio de mim,
como quem passeia
pelas ruas conhecidas,
mas tem
que voltar
a prisão efêmera.
Saio, apenas,
sem ser visto
pelos que me olham,
sem deveras
me verem
pela visão carnal.
Saio,
como quem precisa
está livre
num ensaio de morte,
para que,
quando a morte
chegar,
já tenha o hábito
de sair
a vida além da morte.
Saio de mim,
porque
jamais estou preso
a casa que habito,
mas dela
me sirvo,
como hóspede
temporário.
O hábito
de sair do meu
corpo,
me faz morrer
a cada instante,
mas
me permite também,
ver e sentir
o meu outro viver:
o viver da alma
em perispírito,
do outro lado
da vida.
Escritor Adilson Fontoura