Prece simples.

De vez em quando

Eu ouço o som de uma voz

Que, amiúde, diz algo de bom

Quis Deus, que essa voz

Em algum momento

Não viesse de um passarinho

Do vento, da prece

Nem de um ninho qualquer

Que vazio estivesse

Uma prece fria, uma ladainha

Qualquer resposta imaginada

Palavras que

de minhas, não tinham nada

Estas

Pra meu bem, vem de mim

Pois

Quando aquele que fala

É o coração da gente

Você pode até pensar em fugir

Mas nunca as esquece

Assim, eu posso me sentir perdido

E sem medo

Hoje eu sei que há lugares ruins

Com vasos de flores na janela

E brisa de ar de alecrim

Onde cada sorriso

Tem um prazo de validade

E o endereço de destino

Passa longe da rua que eu moro

O segredo, pra ficar distante

É que a gente pensa em nem pensar

Na tristeza que basta lembrar

Pra não querer

Descobrir em qual lugar se esconde

A boa porção

da semente que não germinou

Qual se fosse a luz da Lua

Refletida, mas no fundo da lagoa

Existe um tempo de espera

Um bilhete de viagem

Estar no mundo e na vida

Numa breve estadia

Mas que não mera passagem

E parado, ali na plataforma

A maneira de enxergar a vida

Se desmonta e se reforma

Assim se renova

Uma espécie de medo

Se apossa da alma

Bem de leve

Perceber, que apesar de tudo

Sequer por um segundo

Ninguém nunca está sozinho

E nem perdido

Acontece com qualquer criança

Em algum lugar escuro

Da floresta encantada da vida

Brincar de esconder de si mesmo

Pra poder se buscar

É preciso um olhar mais profundo

Que só tem

Aqueles corações

Que são bem simples

Despidos

De tanta oração complicada

Bonita e bem elaborada,

Da ilusão fingida e triste

Que a maldade deste mundo ensina

E que no fim ... não leva a nada.

Edson Ricardo Paiva.