VOZES SUSSURRANTES
VOZES SUSSURRANTES
Não é sem relevância
as vozes dos mortos,
quando sopram no vento
as suas eternidades;
para quem possa ouvir
as suas súplicas, talvez
arrependidas por suas
doridas infelicidades.
Não é porque estão
mortos que não falam,
que não exprimem
as suas inquietações;
mesmo que, de seus
abismos eternos exalem,
os miasmas mau
cheirosos de suas
degradações.
Enquanto os mortos
não se desfazem
de suas imperfeições,
não há sossego moral
em suas almas
desencarnadas; por
isso lançam através
do vento, as suas vozes
sussurrantes, bem
ávidos que alguem
ouça as suas lamentações,
pelas trevas infames
da morte sufocadas.
Quem, nesse instante,
apreende no vento,
as vozes desses mortos,
que pedem auxílio
para saírem de seus
abismos infernais;
quem, capaz de aguçar
os ouvidos espirituais
no vento, apenas para
consolar as dores
psíquicas desses mortos,
que despertam de sonos
profundos e só sussurram,
sem saberem que estão
vivos na eternidade.
Escritor Adilson Fontoura