CONSIDERAÇOES MEDIUNICAS
CONSIDERAÇÕES MEDIÚNICAS
É comum
nos instantes que escrevo,
sentir a presença
de algum espírito amigo
junto de mim;
tendo também a aptidão
para escrever,
não só me intui,
como se delicia acerca
de um tema qualquer
que vai sendo
escrito, por assim dizer,
por almas poéticas
presentes em dois mundos
distintos,
mas que interagem
(se não creem, é possível
esse intercâmbio)
por afinidades de gostos,
sentimentos,
e dom artístico.
Embora
não veja esse amigo
espiritual,
entretanto,
zumbe os meus ouvidos
perispirituais,
e as sugestões poéticas
fluem
como ondas elétricas
que se deslizam suaves
de uma alma para outra,
(uma encarnada
e outra desencarnada)
numa sintonia fluídica
admirável;
e o surpreendente é
que me acho no ensaio
do morrer
mesmo antes de morrer;
e já não sei
nesses bons momentos
(de criação literária
mediúnica)
de harmonia entre seres
que habitam planos
diferentes, se eu, alma
que ainda nao morri,
estou deveras viva ou morta,
tamanha é a leveza
que sinto,
como se flutuasse acima
do meu corpo físico,
pela expansão
temporária do perispírito.
Para quem nao sabe,
a vida da alma é a mesma,
quando ela se acha
do outro lado da vida,
quando ela põe os pés
perispirituais
no piso leve,
fluídico da dimensão
etérea, quando ela expande
a razão para além
da vida física limitada
a pequenez do mundo
terreno; e para que ela
se sinta liberta
dos liames carnais que lhes
encarcera, basta exercitar
a própria desmaterialização
no ensaio diário de sua morte,
até o instante inevitável
de rompimento do cordão
fluídico, quando transpõe
o portal para a vida
espírita desencarnada.
Feliz de quem convive
com a própria morte antes
de realmente morrer;
porque então sabe
que a presença da alma
na vida física é momentânea,
como igualmente é ilusória,
quais nuvens vaporosas
que se dissipam e caem
líquidas,convertendo-se
em precisas chuvas;
qual morte do corpo físico,
sabendo-se que ganha
um outro corpo (o perispírito),
que lhe acolha (a alma ou
espírito)como invólucro
da vida espírita natural;
como agora que, mesmo não
tendo morrido, ensaio o meu
morrer em companhia
agradável com o meu amigo
espiritual; e é tão comum
eu fazer isso, que a minha
alma enxerga a própria vida
como uma só; porque
em verdade, a consciência
continua a mesma: apenas
viaja, move-se, transita
por dimensões distintas,
sem perder jamais
a sua individualidade eterna.
Escritor Adilson Fontoura