EM CERTA RUA
EM CERTA RUA
Em certa rua
que passo durante
o dia,
em minha vida
de alma encarnada,
talvez não tenha
coragem
de passar por ela
de noite,
a não ser em sonhos,
quando
me desdobro
em espírito
desencarnado.
No entanto,
quando passo
por ela de dia,
mesmo em meio
a presença
da multidão
sinto tambem
um certo temor,
da gente que anda
ao meu lado,
porque desconfio
de sua intenção,
e me assusto
com qualquer gesto
de mão ou braço
de outrem,
que me toca sem
querer,
imaginando o pior
que virá
(oxalá não seja),
fruto da ação da alma
irmã inferior
que ainda se apraz
com o mal.
Em minha projeção
astral, já passei
por essa rua várias
vezes; embora
não tenha sentido
medo, nela me deparei
com uma multidão
de gente que parecia
infeliz; não vi luz
no perispírito
de nenhuma delas
que caminhavam
ao meu lado sem
me verem, com
os olhares pavorosos.
Talvez por esse
detalhe que vejo
de noite, andando
por essa rua no meio
da multidão
desencarnada,
exalando baixas
energias e vibrações
é que me assusto
com um certo temor,
quando ando por ela
de dia; mas descobri
que uma de minhas
abnegadas tarefas
nessa vida carnal,
é sair de meu corpo
físico de noite, e andar
por essa e outras ruas
onde perambulam almas
irmãs infelizes,
levando pra elas um
pouco de paz, de luz,
de conforto espiritual
para as suas essencias
envoltas nas trevas
que se acham, a fim
de que se arrependam
e despertem
para a vida renovada,
doando-se a reforma
íntima, ao alcance
da própria regeneração
moral, pela força
da luz divina
que já resplandece
como o sol, enchendo
de luz edificante,
as suas almas eternas.
Escritor Adilson Fontoura