AINDA NAO MORRI
AINDA NÃO MORRI
Ainda não morri,
mas a minha alma
já sente a leveza
espiritual
alem da morte;
quando em perispírito
passeia bem contente
por entre jardins
floridos
que lhe perfumam
a sorte.
Ainda não morri,
mas para quem não
tem alguma noção
do que é a vida
espírita desencarnada,
basta lembrar-se
dos instantes
vividos em alguns
sonhos,
quando a alma
se desdobra
e se move
momentânea
em jornadas astrais.
Ainda não morri,
e a morte está
tão próxima de mim,
que, se a ensaio
diariamente,
como um ator,
em seu palco
espiritual,
quando deveras
morrer,
o outro lado da vida
me será tão íntimo,
que não vou mais
representar
a morte física,
mas a vida espírita
em sua expressiva
beleza transcendente.
Ainda não morri,
e já não sei quem está
vivo ou morto,
tamanha é a multidão
de gente
que me cerca
nos sucessivos instantes
de minhas
atividades existenciais
(ora vivo ora morto),
e se não desperto
do sono que gera
sonhos astrais,
não saberia distinguir
tanta gente
que já morreu
(e que continua a viver),
da gente que lido
no dia-a-dia, e que,
alma como eu,
ainda esta encarnada.
Escritor Adilson Fontoura