NO CAULE DA ARVORE
NO CAULE DA ÁRVORE
O que me contenta,
é ficar debaixo
da árvore frondosa
no frescor
da tarde, quando
o meu corpo cochila,
e a minha alma,
fora dele, em perispírito,
fica por ali,
bem abstraída,
em companhia
de almas amigas
desencarnadas.
Sei que a minha
alma ainda
não desencarnou,
porque vejo a tira
luminosa do cordão
fluídico ligando-a
ao meu corpo físico
que dorme recostado
no caule da árvore,
suspirando
num suave ressono.
Exceto
as singularidades
das dimensões
distintas, a vida
é a mesma para
a alma, então,
não há porque temer
ou descrer
da vida espírita
que virá a qualquer
momento,
cumprindo-se a lei
divina de fazer a alma
mudar de casa,
sem a sua mudança
essencial: a razão
que lhe é eterna.
Enquanto a morte
não cessa a vida
do corpo que aloja
a minha alma,
nem por isso deixo
de a ensaiar a qualquer
instante de um breve
cochilo ou de um sono
profundo da vida
física que pode está
deitada sobre a cama,
ou recostada no caule
de uma árvore,
como agora, em que
a minha alma se diverte
do outro lado da vida
com almas amigas,
(já desencarnadas),
em meio
a brisa fresca da tarde.
Escritor Adilson Fontoura