ALMA ANDEJA
ALMA ANDEJA
Enquanto
o meu corpo descansa,
desperta a minha
alma andeja;
transpõe a prisão
carnal, e avança
instantânea para a vida
que almeja.
Sente-se viva
no corpo perispiritual
e já esquece,
por breve momento,
do corpo
que lhe encarcera
a vida imortal,
sendo capaz
de voar por entre
a leveza do vento.
Não há porque,
então,
temer-se o morrer,
se quem morre
nao é a alma (pássaro
livre), que ensaia
o seu transpor
da morte para a vida,
cujo sono físico
lhe oferece a ocasião
de visita
temporária para além
da morte, enquanto
esta nao se cumpre,
para que
a alma mude de casa,
mas sem
a sua mudança essencial.
Enquanto
o meu corpo repousa,
a minha alma
passeia desdobrada,
expansiva, para além
da vida física, em breve
visita ao seu porvir
espiritual; sinto apenas
uma saudade desapegada
do vaso corpóreo gasto;
saudade
nao do corpo que me aloja,
mas de aprender,
passar pelas provas
através desse corpo
e as vencer, para merecer
dar um passo a frente
na senda de minha
evolução;
como espírito, vivo a vida
carnal passível de morte;
só não me iludo
com a vivência dos prazeres
e posses que a vida
terrena me oferece;
posto que, mais vale se nutrir
dos valores e bens morais,
que, além de gerarem
bem-estar prevalecente,
nos são eternos.
Escritor Adilson Fontoura