R E A L

(Escrita em 1981, publicada no livro “Vôos de pés no chão” – ACE - 1ª edição – 1995 – Vitória –ES)

A natureza eu sinto em mim vibrando:

O mar, o submar, peixes nadando,

Gaivotas e pardais em frenesi,

As gotinhas do orvalho cintilando,

O amor, a planta, a flor, o colibri,

O infinito e essa imensidão de estrelas

Que fascinam e eu me detenho a vê-las,

Querendo ir morar no meio delas...

Sensitivas janelas de minh’alma,

Que se tocam com tudo a minha volta,

Os meus olhos percebem, mente solta,

Que afinal há o real, o grito, a calma.

E a poesia, que fora lírio puro,

Passeia por casebres, por calçadas,

Pelos presídios, pelo beco escuro,

Pelos muitos, por poucos, pelos nadas...

O lirismo se envolve à realidade,

Que é o bem e o mal, concreto, natureza,

Amor, amor, furor, sonho, verdade...

Morrem e nascem pessoas na cidade.