Enclausurada

Oh triste alma enclausurada,

Presa nesse corpo que logo será podridão,

Deseja livrar-se dessa camada,

Ansiando lançar vôo rumo à imensidão.

Essa matéria em estado de remate foi de muita serventia,

Porém já não mais desfruta a jovialidade de outrora,

Para aliviar e abreviar o sofrimento só algo remedia,

O desenlace, o rompimento vital é suplicado agora.

Distante de casa deseja voltar ao lar, a pátria verdadeira,

Levando consigo apenas o conhecimento como única bagagem,

Registrando aqui a sua palavra e súplica derradeira,

Logo mais estará embarcando, seguindo viagem.

Alma cansada, saindo da vida e não entrará na história,

Vivenciou tudo o que esperava viver,

Anônima, porém feliz, nada fez para merecer glória,

Resta-lhe apenas esperar o laço da vida carnal se romper.

Num simples ato, tomba-se a face e concretiza-se o fato,

A centelha divina enfim ganha a tão sonhada liberdade,

Agora não é mais um desejo, um desiderato,

Está rompido o laço, concretizado o desenlace.

O principio vital volta a sua verdadeira morada,

A matéria encontra-se no leito estendida e só,

Finda o sofrimento, com a vida já não está mais enlaçada,

A vestimenta que encobria a alma logo será pó.

Giomário Nunes Torres
Enviado por Giomário Nunes Torres em 03/09/2018
Código do texto: T6438723
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