Enclausurada
Oh triste alma enclausurada,
Presa nesse corpo que logo será podridão,
Deseja livrar-se dessa camada,
Ansiando lançar vôo rumo à imensidão.
Essa matéria em estado de remate foi de muita serventia,
Porém já não mais desfruta a jovialidade de outrora,
Para aliviar e abreviar o sofrimento só algo remedia,
O desenlace, o rompimento vital é suplicado agora.
Distante de casa deseja voltar ao lar, a pátria verdadeira,
Levando consigo apenas o conhecimento como única bagagem,
Registrando aqui a sua palavra e súplica derradeira,
Logo mais estará embarcando, seguindo viagem.
Alma cansada, saindo da vida e não entrará na história,
Vivenciou tudo o que esperava viver,
Anônima, porém feliz, nada fez para merecer glória,
Resta-lhe apenas esperar o laço da vida carnal se romper.
Num simples ato, tomba-se a face e concretiza-se o fato,
A centelha divina enfim ganha a tão sonhada liberdade,
Agora não é mais um desejo, um desiderato,
Está rompido o laço, concretizado o desenlace.
O principio vital volta a sua verdadeira morada,
A matéria encontra-se no leito estendida e só,
Finda o sofrimento, com a vida já não está mais enlaçada,
A vestimenta que encobria a alma logo será pó.