O Cosmopolita
Um país mora em mim
Uma multidão singular
Uma nação expatriada
Um banquete que alimenta os porcos
Possuídos por almas andantes
Livremente esquecidas
De que vivem numa prisão
Apesar de isolado
Convivo com muita gente
De temperamentos concretos
Alguns se enervam de repente
Apesar da radicalidade
E do ser complicado
Sou de fácil comunicação
Meço personalidades
Converso com pessoas
Me adequo a elas
Do iliterado ao académico
E o instinto jornalístico
Que me vai entrando nas veias
Às vezes torna-se polémico
Há um futuro por se conhecer
E para tal faço viagem
Como um quarto escuro que não sabemos o que esconde
Assim é o desconhecido
Tenho então como missão
Remover à bruta da minha preguiça mental certas teias
Não me vanglorio
Quanto à subida de degraus
Nesta excursão, onde através da qual vem fama
Há apenas outrem em mim a ser descoberto
Quando necessário, mostro ao mundo o que valho
E por vezes ainda sinto um pingo de calafrio
Na exacta hora de certas actividades exercer
Chego a locais abandonados
Outros aonde nunca pensara ir
E sou mais ouvinte ao conhecer pessoas
Nunca cuspo tudo duma só vez
Por outro lado,
Ouço e me esqueço
Vejo e me lembro
Faço e compreendo
Mas ainda não aprendi nada
Despreocupado com os bens
Não ambiciono fundos
Muito menos o mundo
Pois defendo que
Felicidade não é ter tudo
Mas o mais importante.