O Que Distingui os Homens?
O que distingui os homens quando o silêncio se aproxima?
O que distingui os homens quando a luz se apaga?
O que distingui os homens quando já não há nada para o dinheiro comprar?
O que distingui os homens quando os títulos vão ao chão?
O que distingui os homens no escuro e na solidão?
Quando se deixa o palco da vida a única coisa que distingui os homens é o coração...
A boa ação
A dedicação
A devoção
A abnegação
Quando as luzes da vida se apagam, resta ao sujeito
o que da vida ele tirou proveito
no agir,
no sentir,
no transmitir.
Quando se vê solitário no palco onde outrora foi aplaudido
é que o sujeito se pega aturdido.
Ele não imaginava
que nada do que almejava
poderia lhe trazer o horizonte escondido.
Quando a escuridão devasta a alma, traz à tona o desconhecido.
Nessa hora o homem sente que tropeçou.
Reconhece que se enganou.
E que nada do que buscava conseguiu levar em seu interior.
Constata que o espetáculo para ele encerrou
e que nada de precioso está agora ao seu dispor.
Nessa situação só resta a afirmação:
Não é que estava certo o Divino Pastor,
nada levamos desta vida além do bem que se semeou.
É pena que a hora se esgotou.
Fica para mais adiante a lição
desperdiçada pela falta de atenção.
No meio dessa tragédia o sujeito se contorce,
chora, sente em seu peito a ausência da morte,
pois julgava que tudo estaria acabado
quando fosse enterrado.
Mas descobre que não,
ele vive!
Que desespero, que solidão!
Agora ele está em outro palco e nesse não há multidão,
ele está sozinho seguindo agora a sua intuição.
Descobre solitário que estava iludido
quando ao orgulho e a vaidade oferecia abrigo.
Que nada disso adianta
e que neste novo palco se é convidado a dançar uma nova dança...
A dança da aliança
A dança da confiança
A dança da esperança
É hora de acreditar: quem espera sempre alcança!
Entende o sujeito a partir desse momento
que tudo tem o seu tempo,
que nada é perdido
e que no momento certo o fruto será colhido.
No silêncio ele persiste,
descobre que a morte não existe...
Que é um recomeço,
e que Deus lhe tem muito apreço,
pois permite que cada tropeço seja revisto,
seja refeito, e nesse contexto surge a reencarnação,
a sublime porta de recondução...
Reintegração
Reconstrução
Reformulação
Reeducação
Entende a grandeza de Deus,
a sutileza do seu Amor...
Como no instante de um raio o seu cérebro despertou!
Na vida após a vida ele descobre que nada acabou.
Percebe o mecanismo do Universo,
as engrenagens divinas...
E que todo temor que sente
é por causa do amor que esteve ausente...
Que a única luz que em sua mente deu sinal
foi a do bem material.
O que cegava sua vista
era a ilusão da conquista.
E que muito trabalhou, mas nada adiantou...
Pois no palco da verdadeira vida o bem mais precioso é o Amor!
Como já havia anunciado o Divino Semeador.
Jesus, o sublime professor, ensinou-nos como proceder
para um pouco da magnitude de Deus compreender.
Nessa hora o artista se recorda do filme que protagonizou...
Das lutas, das batalhas
Dos ódios e dissabores
Das mágoas guardadas
Das ilusões que alimentou
E o único alívio que experimenta é do bem que praticou.
O artista desventurado
chora desesperado,
pois não consegue enganar a consciência
nem a Divina Providência.
Percebe que as máscaras que usou para
enganar só a ele prejudicou.
E que pouco aproveitou,
quase nada semeou.
Que usou o tempo de forma irresponsável,
seu estado agora é lastimável.
Vê aquele que humilhou,
sua luz quase o cegou.
Percebe que o pequeno se fez doutor.
Descobre que no palco da verdadeira vida...
Quando as luzes se apagam
Quando o silêncio invade o ser
Quando já não há o que dizer
Quando a ilusão cede lugar ao temor
O que distingue os homens é o Amor que se praticou.