POEMA DA ROSA
"Era uma existência mais elevada que as outras,entre o céu e a terra,acima das tempestades;algo de sublime.Quanto ao resto do mundo,estava perdido,sem lugar determinado e como se não existisse." G. Flaubert
Às vezes a chuva cai e traz consigo meus pensamentos
Mais impossíveis.
Ontem,por exemplo,pensei e sonhei
Dominar o dialeto das Rosas.
Bailantes ao vento, elas choravam
Sob o negro das nuvens e o beijo das águas.
Achei que tinham medo da morte...
Quando o sol surgiu vermelho no horizonte
As Rosas me pareceram ainda mais belas
E já não choravam:
-Ouvi Cânticos de amaríssimos acordes,
Ressoando seus mais dulces sons de éter e firmamento.
Então perguntei:
- Vossa tristeza era porque chovia e poderíeis ter vossas raízes
arrancadas pela força da tempestade?
Elas me responderam:
-Não. Chorávamos de felicidade,pois a chuva nos deu a força e a graça de poder espalhar nossas sementes e assim perpetuar a vida.
E acordei do meu sonho.
Carregava na mão uma Rosa,
Que já não precisava falar.
Eu a entendia perfeitamente.
E um sangue feroz brotava em mim
Numa ferida feita por espinhos que eram meus.Somente meus.
E eu não sabia.
Recife,Agosto de 2007.