de mim
tinha pensado em percorrer
o estado infinitesimal da minha existência
na contra-mão do que fora a opulência
até chegar a algo parecido
como uma película
de mim
nada a ver com a cutícula
que acabava de retirar do dedo médio
enquanto me entregava ao tédio
egoísta de não permitir que a manicure
pudesse cuidar
de mim
e muito menos com a partícula
que tivesse a ver com o átomo
que nos diz que nada existe
a não ser o poder de uma ilusão
que se apoderara
de mim
sair a esmo como um intangível ser anômalo
por caminhos esburacados por bombas de alguns megatons
e iluminados por lâmpadas de luz de néon
presas em árvores daninhas como as comezinhas tentativas
que tive de entender
de mim
chegando a admitir que a película
que me tivesse transmudado
não fosse aquela dos sonhos
da estrada de uma existência
obliterada
de mim
Rio, 26/07/2007