DUALISMO

DUALISMO

O morto dentro

do caixão na sala

não parece morto;

quem olha para ele

se admira, pois não

está sério, sombrio;

há nele uma luz

que o faz sorri.

Mas não há riso,

só a mudez dos que

o velam; só o pranto

pela perda; só a

tristeza pesarosa;

só o temor por quem

morreu; só o cheiro

fúnebre da morte.

Só que o morto

não parece morto,

parece que apenas

dorme e, sorrindo,

parece que sonha,

não com a morte,

mas com a vida

plena de vitalidade.

Ninguém na sala

sabe explicar

por que ao olhar

para o morto, não

o vê com a cara

feia, com a cara

carrancuda,

com o aspecto

nauseabundo

da morte.

Ninguém mesmo

compreende

por que ao olhá-lo,

não sente-o morto,

sente-o vivo; não

sente-o na treva,

sente-o na luz; não

sente-o no corpo

morto, sente-o

no perispírito vivo;

não sente-o

na morte que finda,

sente-o na vida

que continua...

Enquanto na sala

de pesar carnal

o morto é velado

com tristeza,

na mesma sala

no âmbito espiritual,

a alma do morto

é assistida com

alegria. Não há

o odor da morte,

mas o olor da vida.

Os olhares carnais

sérios, contrastan

com os olhares

espirituais ridentes.

E a alma do morto,

já desencarnada,

de boa índole,

envolta no perispírito

luminoso,

é abraçada por almas

boas e entes

queridos fraternos...

E chega, enfim,

o triste momento

de levá-lo ao túmulo,

a sua morada final.

Ve-se então, os dois

cortejos distintos:

um, conduz a morte;

outro, a vida; um,

conduz ao fim carnal;

outro, ao eterno

espiritual; e, enquanto

um desce ao túmulo

terreno, outro sobe

ao céu ditoso.

Escritor Adilson Fontoura

Adilson Fontoura
Enviado por Adilson Fontoura em 20/12/2017
Código do texto: T6203813
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2017. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.